quarta-feira, 23 de julho de 2008

o albino hermeto e os hermetismos pascoais


perdi a apresentação de hermeto pascoal no amazonas jazz festival. não há desculpas para mim. no mínimo, hermeto é mito.
e pensar que o ingresso custava 10 reais só faz me remoer ainda mais.

para quem não conhece hermeto, posto aqui embaixo uma música de Guinga e Aldir Blanc em homenagem ao mestre:

Hermeto foi na cozinha
pra pegar o instrumental:

do facão à colherinha tudo é coisa musical.

Trouxe concha e escumadeira, ralador, colher de pau,

barril, tirrina, e peneira - tudo é coisa musical.

Me convidou pra uma pinga, meu não pesou com dó,

piscou um olho só, disse que eu tiro a seringa,

que home que não bebe e nega mocotó,

acaba quenga em vez de guinga, se veste de filó

afrouxa o fiofó e o ferrão já nem respira:

encolhe feito um nó

e vai ficar menó...

Assoprou numa chaleira, bateu nema bacia.

Jesus , Ave Maria, era uma sinfonia!

Secador e geladeira entraram no compasso,

dançou a farinheira, saleiro no pedaço e tudo era coisa musical,

funil mandando: ôi! fogão gritando: uau!

Fez um chocalho de arroz e outro de feijão

No talo do mamão cortou a fruta que já vi tocá mais doce,

irmão, direto ao coração.

Assoprou numa chaleira, bateu numa bacia...

Nesse chá de panela que eu senti a vocação:

vi que música é tudo que avoa e rasga o chão.

Foi Hermeto Paschoal que magistral me deu o dom de entender que

o lixo ao avião em tudo há tom

E que até pinico da bom som se a criação é mais

se o músico for bom


chá de panela (Guinga/Aldir Blanc)
Leila Pinheiro - Catavento e Girassol - 1996

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